sábado, 31 de janeiro de 2015

Roupa suja se lava em casa


A igreja de Corinto era mesmo complicada. Havia ali uma labuta espiritual a ser empreendida pelo apóstolo Paulo para trazer os membros daquela igreja a repensar o seu modo de viver e o testemunho que davam aos incrédulos. No contexto maior da carta, percebemos que existiam muitos egos inflados naquela comunidade de irmãos. E cada um tinha "os seus direitos" para defender, custe o que custasse. O apóstolo Paulo tràz à tona a questão de levar irmãos na fé até os tribunais do Estado, argumentando que estes problemas deveriam ser sanadas à luz da instrução bíblica.

Algumas considerações básicas podem ser feitas com base no texto em 1 Coríntios 6:1-11:

1) Os cristãos de Corinto davam um péssimo testemunho aos nãos cristãos.

Os crentes gentios em Corinto moviam ações judiciais contra irmãos e os levavam a debates no meio dos impíos (juízes do Estado). É importante salientar que os judeus incrédulos tratavam seus litígios nos tribunais das próprias sinagogas. Ao levar os problemas de cristãos aos tribunais do Estado e discuti-los diante de ímpios e incrédulos, os cristãos de Corinto enfraqueciam o testemnho do evangelho. Os irmãos coríntios que recorriam à justiça contra pessoas da própria igreja desonravam o nome do Senhor e da igreja.

2) A congregação não vivia à altura de sua posição em Cristo.

Os santos participarão do julgamento do mundo e até dos anjos caídos, portanto, devem ser capazes de acertar suas diferenças aqui na Terra. Os coríntios orgulhavam-se de seus dons espirituais maravilhosos, então porque não usavam do dom de discernimento para resolver seus problemas internos?

3) Os membros que processavam uns aos outros já eram derrotados.

Melhor é perder dinheiro ou bens (sofrer o dano) do que perder o testemunho por mover demandas judiciais contra irmãos em Cristo. Em um querela judicial entre crentes, ninguém sai ganhando exceto o diabo. Somos instruídos pelo próprio Cristo a deixar de lado "nossos direitos", para que o Seu nome seja exaltado por nossas ações neste mundo.

4) Os crentes são chamados a um viver transformado pelo poder de Deus

Com a frase "tais fostes alguns de vós", o apóstolo Paulo deixa claro que o poder santificador da graça divina agiu no meio dos coríntios. Lembrando que a cidade de Corinto era extremamente corrupta e imoral, mergulhada em devassidão total. Mas dentro deste ambiente de imundície, Deus separou um povo exclusivamente para Si, que deve dar evidências reais de transformação e testemunho coerente com as Escrituras.

EBD Jovens (Estudos na Primeira Carta de Paulo aos Coríntios)

sábado, 17 de janeiro de 2015

Submissão e discipulado

O tema de hoje será: "A submissão de Pedro à Palavra de Cristo e ao chamado para ser um discípulo", tendo como base o texto em Lucas 5: 1-11:

1 Aconteceu que, ao apertá-lo a multidão para ouvir a palavra de Deus, estava ele junto ao lago de Genesaré;
2 e viu dois barcos junto à praia do lago; mas os pescadores, havendo desembarcado, lavavam as redes.
3 Entrando em um dos barcos, que era o de Simão, pediu-lhe que o afastasse um pouco da praia; e, assentando-se, ensinava do barco as multidões.
4 Quando acabou de falar, disse a Simão: Faze-te ao largo, e lançai as vossas redes para pescar.
5 Respondeu-lhe Simão: Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos, mas sob a tua palavra lançarei as redes.
6 Isto fazendo, apanharam grande quantidade de peixes; e rompiam-se-lhes as redes.
7 Então, fizeram sinais aos companheiros do outro barco, para que fossem ajudá-los. E foram e encheram ambos os barcos, a ponto de quase irem a pique.
8 Vendo isto, Simão Pedro prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: Senhor, retira-te de mim, porque sou pecador.
9 Pois, à vista da pesca que fizeram, a admiração se apoderou dele e de todos os seus companheiros,
10 bem como de Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram seus sócios. Disse Jesus a Simão: Não temas; doravante serás pescador de homens.
11 E, arrastando eles os barcos sobre a praia, deixando tudo, o seguiram.

Submissão é uma palavra bastante desgastada hoje em dia. Quando ouvimos falar em submissão logo vem a mente a imagem de uma pessoa obrigando outra a passar por algum constrangimento ou até ser maltradada para obedecer alguma ordem. Podemos imaginar a figura de um senhor que oprime os seus escravos de modo cruel, submetendo todos eles a uma vida bastante penosa.

Mas a submissão de que a Bíblia fala não se compara a este tipo distorcido de submissão. Quando Pedro ouviu a ordem de Jesus para lançar as redes novamente ao mar, ele foi imediatamente submisso porque reconheceu a autoridade de Cristo. Jesus estava pregando naquela região do lago de Genesaré, e todos reconheciam que Ele pregava com autoridade. Esta é a primeira lição deste encontro inicial de Pedro com Jesus: para sermos submissos precisamos reconhecer quem exerce a autoridade. Hoje em dia muitos falsos líderes querem mandar em Deus, determinando bênçãos, profetizando libertação e marcando hora para os milagres. Esquecem totalmente quem é o Senhor da história e que somente Cristo é o Rei supremo. Se não reconhecermos que Cristo tem autoridade e que a Sua Palavra é autoridade final sobre nossas vidas, nunca teremos condições de viver à luz do verdadeiro Evangelho.

Não podemos esquecer que somos escravos (doulos) de Cristo, mas esta escravidão não é de forma alguma penosa, pelo contrário é agradável e boa. Jesus mesmo disse: "Vinde a mim, vós que estais cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei. Porque o meu fardo é suave e o meu jugo é leve" (Mateus 11:28-30). Em resumo, ser escravo de Cristo é a melhor forma de viver neste mundo.

Assim como Pedro, nós que somos discípulos do Mestre, estamos debaixo da autoridade de Jesus e da Sua Palavra. Portanto, não devemos viver de modo independente e autônomo, como fazem os pagãos que vivem escravizados aos seus desejos e paixões. Agora uma pergunta: quem ou o que exerce autoridade sobre você? Talvez seja a ganância por sucesso e riquezas, pode ser a loucura desenfreada por sexo e diversão, ou até mesmo algum relacionamento distorcido que você tem com alguma pessoa. Estes ídolos são senhores cruéis que cobram um alto preço e exercem um tirania sem comparação. A melhor decisão é submeter-se ao senhorio de Cristo, que nos oferece uma vida abundante e feliz sob a Sua maravilhosa autoridade. Não perca a oportunidade de seguir a Jesus como verdadeiro discípulo e experimentar uma grande transformação em seu coração.


Meditação para o Programa Viva com Cristo

sábado, 10 de janeiro de 2015

TU ÉS O CRISTO

Jesus levou seus discípulos para território gentio, na região de Cesaréia de Filipe. Nesta região norte da Palestina, a cerca de 190 quilômetros de Jerusalém havia uma forte influência de várias religiões: desde o culto a Baal a adoração ao deus grego Pan. Em meio a essas superstições pagãs, Pedro fez uma confissão marcante sobre Jesus: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”.

É impressionante como as pessoas criavam em suas mentes confusão a respeito de quem era Jesus, mas o discípulo Pedro prontamente reconheceu que não estava diante de um homem qualquer ou de mais um líder do povo judeu. Muitos tinha a ideia que Jesus seria um líder político que estabeleceria o seu governo e tiraria do poder os império romano que governava sobre Israel. Associar Jesus com João Batista ou com Elias tinha uma certa conotação revolucionária. Hoje muitos associam Jesus com um bom mestre, ou com alguém iluminado que viveu nesta terra. Ou simplesmente com um mártir que sofreu uma grande injustiça nas mãos dos homens.

A compreensão espiritual de Pedro para fazer esta afirmação tinha como fonte a iluminação divina. Afinal, as verdades espirituais só podem ser compreendidas por aqueles cujas faculdades espirituais foram despertadas por Deus (1 Co. 2:11-14). Pedro fez esta afirmação com base numa fé profunda em Jesus, diante de tudo o que Jesus já tinha ensinado e das maravilhas que Ele já tinha operado.

  • TU ÉS O CRISTO: Esta afirmação tem relação com a missão de Jesus, que veio como o Messias ungido por Deus para cumprir o Seu plano traçado desde a eternidade. Somente Jesus tinha qualificação para ser o CRISTO de Deus, aquele que pagaria o preço justo pelo pecado do homem na cruz do Calvário. Por isso, quando Pedro confessa que Jesus é o Cristo, ele está reconhecendo que a missão de Jesus tinha sido concedida diretamente por Deus e que somente Jesus estava apto para cumpri-la e satisfazer ao Pai.

  • O FILHO DO DEUS VIVO: Esta afirmação de Pedro tem relação com o reconhecimento da divindade de Jesus. Com estas palavras, Pedro declara que Jesus não era um homem comum, com fraquezas próprias do homem em pecado. Jesus não tinha pecado porque Ele foi concebido de modo divino, sendo gerado pelo poder do Espírito Santo. Isto é importante, porque somente alguém sem pecado poderia pagar o preço do pecado que a justiça de Deus Pai exigia.

É fundamental para a salvação confessar o que cremos a respeito de Jesus (Rm 10:9, 10). Pedro se torna um exemplo para todo aquele que declara a sua confiança absoluta em Jesus Cristo. Será se você já reconheceu o que Pedro afirmou com tamanha fé? Jesus não é um homem qualquer, nem o maior filósofo ou psicólogo que já existiu. Jesus é único e singular, Ele é o Senhor da terra e céu, Ele é o Cristo, o Filho do Deus vivo, que morreu a nossa morte para termos nova vida.


Programa Viva com Cristo

sábado, 3 de janeiro de 2015

O fracasso de Pedro


Todos conhecem a narrativa bíblica que apresenta o discípulo Pedro como aquele que negou a Jesus por três vezes numa mesma noite antes que o galo cantasse. É interessante notar que os quatro evangelhos registram este pecado de Pedro. Ele tinha um papel de liderança entre os demais discípulos e por conta da sua personalidade muitas vezes se precipitava tanto em palavras quanto em atitudes. Pedro era o tipo de pessoa que não pensa muito antes de falar, ele assumia riscos sem refletir seriamente no que estava dizendo. Na noite em que Jesus estava reunido com seus discípulos pela última vez, Pedro fez uma ousada declaração de fidelidade ao Mestre: “Ainda que todos te abandonem, eu nunca te abandonarei!” Pedro pensava que era melhor do que os outros, mas Jesus lhe disse que seria mais covarde do que todos. Aquele discípulo aparentemente destemido O negaria três vezes naquela mesma noite. O fracasso de Pedro pode ser explicado porque ele confiou demais em si próprio.

Mas é importante destacar que o fracasso de Pedro aponta também para a misericórdia de Deus. Os fracassos em nossa trajetória não são o ponto final. Deus muitas vezes utiliza-se de nossos fracassos para realçar ainda mais o poder d’Ele em nos moldar de maneira que traga glória ao Seu nome. A maravilhosa verdade do evangelho é que o nosso pecado aponta que carecemos de Cristo, o Salvador, todos os dias da nossa vida.

O escritor Dave Harvey, no livro Resgatando a Ambição, faz uma bela observação com base no fracasso de Pedro.

“O evangelho nos mostra que Jesus escolhe os que são fracassos para demonstrar a Sua glória. Pedro negou a Cristo três vezes e fugiu dele no momento de sua maior necessidade. Era um fracasso como discípulo e como amigo. O evangelho não faz sentido para aqueles que não se enxergam no fracasso de Pedro. Aqueles que não são fracassos não têm necessidade de boas novas. Jesus mesmo disse: “Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes; não vim chamar justos, e sim pecadores” (Marcos 2:17). Somos pecadores, portanto, falhamos e fracassamos.”

Quero deixar duas orientações práticas com base neste episódio na vida de Pedro. Primeiro, não devemos confiar em nossas próprias habilidades orgulhosas. É muito fácil contar vantagens sobre nós mesmos, porque gostamos de ser o centro das atenções quando tomamos alguma atitude nobre. Mas devemos ser cautelosos para não confiarmos em nossa força, sabedoria, ou estratégia. Tudo o que somos e o que fazemos, o somos e o fazemos pela força que Deus supre. É sempre Ele quem nos supre com os recursos necessários para a vitória. Nunca devemos deixar brechas para o orgulho do nosso coração enganoso. Segundo, os fracassos de nossa jornada não podem ser vistos como o fundo do poço, quando não há mais esperança. De forma alguma! Deus restaura vasos quebrados que humildemente confiam em Sua graça, para usá-los de maneira extraordinária conforme os Seus planos soberanos. É só lembrarmos que o discípulo Pedro foi grandemente usado por Deus para expansão da Sua igreja. O Senhor é especialista em nos dar esperança real mesmo quando tudo desmorona em nossa volta. Ele é o restaurador fiel de corações contritos e arrependidos.

A pregação do cristianismo genuíno deve sempre iniciar com o fracasso do homem que não consegue agradar a Deus por si próprio. O homem não tem qualificações para entrar na presença do Senhor e ser-lhe aprazível. Somente por meio da obra redentora consumada mediante o sangue de Cristo, é que podemos ter acesso ao Pai sem restrições. Isto é pura graça, isto é o evangelho!

 

Programa Viva com Cristo
Estudando os personagens bíblicos

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Ano novo, vida nova. Será?

É interessante como a mudança do ano do calendário exerce uma influência quase mágica na mente de muitas pessoas. Não é incomum nesta época de início de um novo ano encontrarmos amigos ou parentes estabelecendo novas resoluções e metas para os próximos 365 dias. Às vezes pode ser uma dieta, um novo esporte, uma nova oportunidade de serviço, uma nova rotina diária para conquistar a tão sonhada vaga em um concurso público. Enfim, poderíamos elencar vários planos que são feitos geralmente no final de dezembro ou no início de janeiro.

O grande problema é que esta forma de encarar a vida pode trazer enorme frustração, pois muitas destas metas não são exequíveis no prazo de um ano. A euforia causada pelas festas de final de ano muitas vezes resultam em decisões que são tomadas e não são levadas ao trono de Deus em oração, para que haja efetividade real. São votos de um ano bom, com paz, saúde e realizações pessoais, mas que não estão alicerçadas numa devoção ainda mais clara e profunda ao Senhor do tempo.

Sendo assim, forma-se um estranho círculo vicioso que não leva a lugar nenhum, tal como a velha ilustração do cachorro que corre atrás do próprio rabo. É interessante avaliarmos nossas vidas, mas não apenas no final de ano. É prudente o estabelecimento de metas, mas podemos fazê-las em momentos diferentes do ano e certamente contaremos com a graça e recursos divinos para consecução de objetivos centrados n'Ele somente.

Votos de fim de ano são ridículos se não passam de verborragia vazia e falácia. É necessário muito mais do que resoluções. Precisamos arregaçar as mangas e agir sem covardia, para que os próximos dias que vivermos nesta terra sejam gastos com o que é de fato valioso e eterno. Não adianta fazer planos e corrermos atrás do vento, é vaidade, como disse o velho pregador do livro de Eclesiastes. Precisamos de um destemor que nasce de um relacionamento correto com Deus, via meditação e apreensão de verdades bíblicas úteis para cada dia do ano, e não somente para quando dezembro ou janeiro chegar.

Fazer votos e não cumpri-los é tolice, é brincar com Deus. Não sejamos crentes "eternas-promessas" que se contentam com vidas de faz-de-conta e assim desperdiçam o precioso tempo. Saiamos fora do arraial, prontos para combater o velho homem que prefere o comodismo. Que sejamos de fato homens e mulheres tementes ao Senhor em qualquer data do calendário (com alegrias ou dificuldades), pois para tal propósito é que fomos regenerados por Cristo e remidos pelo Seu sangue.