sábado, 2 de novembro de 2013

A infalível proteção que nos é garantida

“...que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé.” (1 Pd. 1:5)

A construção do texto que Pedro nos apresenta deixa claro que tanto a salvação está guardada para os cristãos, como também que os cristão são preservados para a salvação enquanto peregrinam neste mundo. O que Pedro quer lembrar é que Deus atenta vigilantemente pelos Seus. Neste versículo, o verbo “guardar” (phroureo) tem o significado: proteção de uma fortaleza por um regimento militar. É a mesma palavra que Paulo utilizou em 2 Co. 11:32: “Em Damasco, o governador preposto do rei Aretas montou guarda na cidade dos damascenos, para me prender.” Mediante a confiança (fé) neste poder de Deus, protetor e preservador, em prol dos remidos podemos desfrutar de alegria enquanto estivermos neste mundo cheio de incertezas.

Para ilustrar podemos pensar no Salmo 46, dos filhos de Corá: “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações. Portanto, não temeremos ainda que a terra se transtorne e os montes se abalem no seio dos mares; ainda que as águas tumultuem e espumejem e na sua fúria os montes se estremeçam” (Sl. 46: 1-3). Com base neste Salmo, Martinho Lutero compôs a mais conhecida de suas músicas (Castelo Forte), na qual ele declara:

Castelo forte é nosso Deus, espada e bom escudo
Com Seu poder defende os Seus
Em todo transe agudo
Com fúria pertinaz, persegue Satanás
Com artimanhas tais, e astúcias tão cruéis
Que iguais não há na terra!

Obviamente não podemos superestimar as artimanhas de Satanás e atribuir-lhe todas as coisas que nos acontecem, como fazem os pentecostais. Eles conseguem ver o diabo em tudo (no ônibus que perderam). Mas também corremos o sério risco de subestimar as astúcias de Satanás e seus asseclas, vivendo como se não houvesse o mundo espiritual. Se fosse assim, Paulo não teria advertido os cristão de Éfeso a “revestirem-se de toda a armadura de Deus, para ficarem firmes contra as ciladas do diabo.” Mas não podemos esquecer que quem nos fortalece e nos dá plena segurança é o Senhor, preservando-nos para o louvor da Sua glória.

A história não é um barco à deriva que está sem direção no mar das incertezas humanas. A história tem propósito porque o próprio Deus governa a história e tudo está convergindo para a consumação do plano perfeito do Senhor, que glorificará o Seu Nome diante de todos os povos na pessoa do Seu filho Jesus Cristo. Os céticos podem argumentar que Deus está muito atrasado na condução do Seu plano, afinal já se passaram mais de 2.000 anos deste a morte e ascensão de Jesus Cristo. Mas Deus tem em Suas mãos o poder de preservar Seu povo e Seu plano soberano através das eras. Estamos guardados nas mãos do Supremo Pastor e nada pode nos arrebatar.

Confiando e descansando no poder de Deus, temos plena certeza de que nossas vidas não estão à deriva. Há um Deus Soberano que nos preserva pelo Seu poder. Precisamos confiar que o poder de Deus nos guardará do mal, nos dará os recursos para prosseguirmos em meio às lutas e dores deste mundo, sem esquecermos da nossa própria responsabilidade de sermos perseverantes na carreira cristã. Esta certeza nos outorga profunda alegria mesmo que tenhamos que passar por duras provações. “Abrigo eterno tenho no Salvador, Ele esconde a minha vida em Seu poder / No poder de Cristo, o Mestre, minha vida salva está” (Hino 324 CC).

Cada um de nós pode desfrutar da alegria em Deus por saber que está protegido em Seu amor e fidelidade. Você e eu podemos desfrutar da mesma alegria que o salmista: “Porque tu me tens sido auxílio; à sombra das tuas asas, eu canto jubiloso.” (Sl. 63:7). O verdadeiro compromisso com a alegria cristã é real na vida dos remidos que descansam nesta promessa preciosa.

O glorioso porvir que nos está preparado

O apóstolo Pedro em 1 Ped. 1:4, utiliza algumas expressões bem interessantes para expressar a singularidade da maravilhosa herança espiritual que Deus reservou para os Seus filhos. 1. Incorruptível: que não se deteriora, que não apodrece; 2. Sem mácula: sem nenhuma desonra ou sujeira; 3. Imarcescível: que não murcha, que não perde o frescor. Esta herança não pode ser comparada com nenhuma outra, com nenhuma glória deste mundo. E por ser tão grandiosa é motivo de enorme alegria. Esta herança não é descrita como uma espécie de utopia futura, mas como garantia segura, uma certeza, pois quem assegura é o próprio Deus. Os valores terreais não podem ocupar o primeiro lugar em nosso coração, porque temos maior tesouro reservado nos céus, onde a traça não corrói e onde não há incertezas. Pedro quer que seus leitores reflitam sobre este glorioso porvir, e experimentem abundância de alegria em suas vidam.

Certa vez perguntaram a Fanny Jane Crosby, compositora de cerca de 8.000 hinos cristãos, se a cegueira não lhe deixava triste e sem alento, ela respondeu: “De maneira alguma, pois a minha grande alegria é saber que o primeiro rosto que verei será o de meu Senhor”. Ela compôs vários hinos que refletem a alegria de ser um cidadão dos céus: “Em breve a vida vai findar / Aqui não mais eu cantarei /Porque no céu irei morar / Lá na presença do meu Rei” (Hino C.C. 503).

Na epístola aos Romanos, o apóstolo Paulo escreve aos seus leitores sobre esta herança eterna: “Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo; se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados. Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós.” (Rm. 8: 17,18). É evidente que Paulo enchia de regozijo o seu coração ao refletir sobre esta herança gloriosa nos céus. Portanto, há uma relação muito íntima entre alegria e a herança que nos está reservada.

Certamente um dos ladrões da alegria em nosso viver é a ansiedade quanto ao dia de amanhã. A tristeza pode nos fustigar o nosso coração, quando pensamos sobre as impossibilidades do futuro. Mas o cristão precisa olhar para o futuro com os olhos da fé, e confiar plenamente que não há nada fora do controle absoluto de Deus. Eu e você precisamos enxergar pela fé que o nosso futuro não está à deriva, pelo contrário estamos rumando a um porto seguro pela bondade e graça de Deus.

O cristão precisa pensar mais a respeito da herança que lhe está garantida. Não se trata de uma fuga, ou de um artifício de escape mental. Mas precisamos de fato desfrutar da verdadeira alegria que flui do entendimento adequado sobre o que Deus tem preparado para aqueles que O amam. Você costuma pensar no céu e na bênção que será estar ali? O cristão não é um lunático que tem imaginações inconcebíveis a respeito do seu futuro. Ele caminha pela fé, e desfruta nesta terra a alegria verdadeira porque sabe que o seu lar (morada permanente) não é aqui; é apenas um peregrino habitando um tabernáculo (temporário) rumando para o lar celestial. A adequada compreensão sobre esta verdade deve encher o nosso coração de júbilo e paz.

Se o nosso coração não se enche de gozo por saber que este mundo vai findar há um problema sério em nosso cristianismo. É um claro indicativo de que nós estamos muito arraigados a este mundo, vivendo com pensamentos voltados apenas para acumular tesouros perecíveis nesta terra. Você consegue recordar qual foi a última vez que você encontrou-se cheio de júbilo, por pensar na comunhão eterna que desfrutará com Cristo no lar celestial? Quantos de nós poderíamos resumir nossos anseios como fez Paulo: Viver é Cristo e morrer é lucro? Longe de ser um pensamento utópico, esta é a herança que todo cristão genuíno mais anseia receber. Os homens e mulheres que mais foram ativos e viveram alegremente para a glória de Deus nesta terra tinham seus olhos voltados para o céu. É só perceber a biografia dos heróis da fé registrada em Hebreus 11, pois aspiravam “a uma pátria superior, isto é, celestial. Por isso, Deus não se envergonha deles, de ser chamado o seu Deus, porquanto lhes preparou uma cidade” (Heb. 11:16).

Finaliza na próxima postagem